Janela de Outono
Acho que já perdi a conta das vezes que olhei, sentado no sofá estrategicamente colocado na varanda, a mesma árvore balançando na cadência aleatória dos ventos que sopram no outono. Os dias iguais terminam e recomeçam, o sol no mesmo lugar, as nuvens aqui e ali e os sons diminutos da vida acontecendo. É como viver num tempo repleto de atemporalidades.
Olhar para essa árvore me fazia pensar. No presente incerto, nas coisas que deixamos para trás; sonhos, desejos, futuro e a própria vida. Pensei também nos meus amores, nos relacionamentos interpessoais, em todos que passaram e os que ainda irão passar. Desenhei e redesenhei inúmeras vezes a mesma paisagem na minha própria cabeça, apenas para poder me observar.
Hoje é o mesmo dia de ontem, e sentado no mesmo lugar com o horário próprio para reflexão, eu vejo o balançar das folhas enquanto escrevo. Talvez haja um magnetismo que me prende, talvez seja só o tédio instaurado nos dias sem fim e na mania que temos na constante ideia de produzir 24/7. Talvez não seja nada disso e tudo é por acaso; mas quanto mais eu olho, menos eu consigo me desviar e, talxrz, poroljar dmajs, eu possd coemcar e errar as pakavras ste nao consguiur escrrver corretament nemhuma delsa...
Imagem:https://www.flickr.com/photos/jonk/18092848/
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